domingo, 5 de outubro de 2014

Tutorial para determinação de percentual de fase no ImageJ

O percentual de uma fase pode ser facilmente determinado a partir de uma micrografia, utilizando o programa ImageJ. Ele pode ser obtido em http://imagej.nih.gov/ij/download.html.
 

Trata-se de um programa dedicado a análise de imagens, com desenvolvimento voltado à área médica, que apresenta um grande potencial para o uso no laboratório metalográfico.
 
A sua utilização, a princípio, pode não parecer muito amigável, porém após pouco tempo de uso fica evidente o seu grande potencial.
 
O tutorial a seguir tem o objetivo de orientar aos novatos no uso do programa, mostrando as operações passo a passo.
 
A análise será realizada em uma micrografia de aço inoxidável duplex (austenítico-ferrítico). O crédito da imagem é do amigo Guilherme Araújo.
 

1. Abrindo a imagem

Após abrir o ImageJ, teremos a janela do programa conforme abaixo. As imagens e caixas de diálogo são abertas em janelas independentes.
 
 
Para abrir a imagem, que está em formato jpg:
File > Open
 
 
Selecione a imagem a ser analisada e clique em Open, na caixa de diálogo.
 
 
 
A seguir, estará aberta a imagem a ser analisada. A fase escura é ferrítica, enquanto a fase clara é austenítica.

 
 

2. Preparando a imagem

 
Para facilitar as próximas etapas, a imagem deve ser convertida em escala de cinza:
Image > Type > 8-bit.

A etapa seguinte é a limiarização. A imagem, que foi transformada em 8-bit, possui 128 tons de cinza. A limiarização transforma a imagem em preto e branco (sem tonalidades intermediárias de cinza). Esta etapa é a mais importante da análise, visto que é ela que determina os pixels que serão computados e quais ficarão de fora do cálculo de áreas.
 
O ImageJ possui algoritmos para determinação automática do limiar, além de permitir o ajuste manual. Iremos utilizar o método automático.
 
Image > Adjust > Theshold...
 
Na caixa de diálogo, deixe marcado Dark Background. Caso desejássemos analisar a outra fase, esta caixa deveria ser desmarcada. Iremos aceitar a limiarização automática:
Clicar no botão Auto > clicar no botão Apply > fechar a caixa de mensagem clicando no "X".
 

3. Preparando a análise

Em seguida, iremos informar o programa quais são as análises a serem realizadas.
Image > Set Measurements...
Na caixa de diálogo, deve ser deixado marcado apenas Area e Area Fraction.
 

4. Medindo

Finalmente, a análise pode ser realizada.
Analyze > Measure
E, finalmente, temos o percentual de área da fase marcada em preto: 46,026% dos pixels da imagem (e, consequentemente, da área da micrografia). Em números totais, representa 1920000 pixels da imagem.
 
 

Salvando a imagem limiarizada

Você poderá querer salvar a imagem limiarizada, para ilustrar o que você mediu. Não esqueça de dar um nome diferente do original para a nova imagem.
O ImageJ pode trabalhar com diversas janelas de imagens abertas. A filosofia do programa compreende a aplicação dos comandos apenas à janela que estiver selecionada. Portanto, para garantir os resultados, a janela da imagem em que estivermos trabalhando deve estar sempre selecionada. Para isso, pode-se clicar na barra de título da imagem.
Uma vez selecionada a imagem, basta salvá-la no formato preferido. No exemplo, salvaremos em jpg.
File > Save As > Jpeg
 

Conclusão

O procedimento realizado, em princípio, serve para medição de percentual de qualquer tipo de fase, servindo perfeitamente para a medição do percentual de área de perlita em aços ao carbono, por exemplo.
A preparação metalográfica é de fundamental importância. Com o devido preparo e o ataque adequado, praticamente qualquer tipo de fase pode ser medida. Em uma aplicação mais sofisticada, pode-se medir o percentual de fase sigma em aços austeníticos, por exemplo, ao se trabalhar com a imagem colorida (em lugar de escala de cinza, 8-bit), fazendo a limiarização por cores, após ataque eletrolítico com KOH.
Este é apenas um exemplo, muito simples, da utilização do ImageJ na análise de imagens. O programa é muito poderoso, e pode ser utilizado para diversas finalidades, desde inserir a famosa barrinha de escala até a realização de medições complexas, como a medição automática de tamanho de grão, além de melhorias na aquisição e processamento de imagens, com o trabalho em pilhas de imagens para corrigir problemas de planeza do corpo de prova (deficiência de profundidade de campo).