O percentual de uma fase pode ser facilmente determinado a partir de uma micrografia, utilizando o programa ImageJ. Ele pode ser obtido em http://imagej.nih.gov/ij/download.html.
Trata-se de um programa dedicado a análise de imagens, com desenvolvimento voltado à área médica, que apresenta um grande potencial para o uso no laboratório metalográfico.
A sua utilização, a princípio, pode não parecer muito amigável, porém após pouco tempo de uso fica evidente o seu grande potencial.
O tutorial a seguir tem o objetivo de orientar aos novatos no uso do programa, mostrando as operações passo a passo.
A análise será realizada em uma micrografia de aço inoxidável duplex (austenítico-ferrítico). O crédito da imagem é do amigo Guilherme Araújo.
1. Abrindo a imagem
Após abrir o ImageJ, teremos a janela do programa conforme abaixo. As imagens e caixas de diálogo são abertas em janelas independentes.
Para abrir a imagem, que está em formato jpg:
File > Open
Selecione a imagem a ser analisada e clique em Open, na caixa de diálogo.
A seguir, estará aberta a imagem a ser analisada. A fase escura é ferrítica, enquanto a fase clara é austenítica.
2. Preparando a imagem
Para facilitar as próximas etapas, a imagem deve ser convertida em escala de cinza:
Image > Type > 8-bit.
A etapa seguinte é a limiarização. A imagem, que foi transformada em 8-bit, possui 128 tons de cinza. A limiarização transforma a imagem em preto e branco (sem tonalidades intermediárias de cinza). Esta etapa é a mais importante da análise, visto que é ela que determina os pixels que serão computados e quais ficarão de fora do cálculo de áreas.
O ImageJ possui algoritmos para determinação automática do limiar, além de permitir o ajuste manual. Iremos utilizar o método automático.
Image > Adjust > Theshold...
Na caixa de diálogo, deixe marcado Dark Background. Caso desejássemos analisar a outra fase, esta caixa deveria ser desmarcada. Iremos aceitar a limiarização automática:
Clicar no botão Auto > clicar no botão Apply > fechar a caixa de mensagem clicando no "X".
3. Preparando a análise
Em seguida, iremos informar o programa quais são as análises a serem realizadas.
Image > Set Measurements...
Na caixa de diálogo, deve ser deixado marcado apenas Area e Area Fraction.
4. Medindo
Finalmente, a análise pode ser realizada.
Analyze > Measure
E, finalmente, temos o percentual de área da fase marcada em preto: 46,026% dos pixels da imagem (e, consequentemente, da área da micrografia). Em números totais, representa 1920000 pixels da imagem.
Salvando a imagem limiarizada
Você poderá querer salvar a imagem limiarizada, para ilustrar o que você mediu. Não esqueça de dar um nome diferente do original para a nova imagem.
O ImageJ pode trabalhar com diversas janelas de imagens abertas. A filosofia do programa compreende a aplicação dos comandos apenas à janela que estiver selecionada. Portanto, para garantir os resultados, a janela da imagem em que estivermos trabalhando deve estar sempre selecionada. Para isso, pode-se clicar na barra de título da imagem.
Uma vez selecionada a imagem, basta salvá-la no formato preferido. No exemplo, salvaremos em jpg.
File > Save As > Jpeg
Conclusão
O procedimento realizado, em princípio, serve para medição de percentual de qualquer tipo de fase, servindo perfeitamente para a medição do percentual de área de perlita em aços ao carbono, por exemplo.
A preparação metalográfica é de fundamental importância. Com o devido preparo e o ataque adequado, praticamente qualquer tipo de fase pode ser medida. Em uma aplicação mais sofisticada, pode-se medir o percentual de fase sigma em aços austeníticos, por exemplo, ao se trabalhar com a imagem colorida (em lugar de escala de cinza, 8-bit), fazendo a limiarização por cores, após ataque eletrolítico com KOH.
Este é apenas um exemplo, muito simples, da utilização do ImageJ na análise de imagens. O programa é muito poderoso, e pode ser utilizado para diversas finalidades, desde inserir a famosa barrinha de escala até a realização de medições complexas, como a medição automática de tamanho de grão, além de melhorias na aquisição e processamento de imagens, com o trabalho em pilhas de imagens para corrigir problemas de planeza do corpo de prova (deficiência de profundidade de campo).
muito útil. Obrigada.
ResponderExcluirMe ajudou muito! Muito bom mesmo!
ResponderExcluirSensacional! Obrigado pelo post, me ajudou muitooooooooo!!
ResponderExcluirNão sabe o quanto me ajudou, muito obrigado mesmo.
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